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Alta nas cotações de não-ferrosos fica para o próximo ano

A tão esperada recuperação dos preços dos metais não-ferrosos no segundo semestre não deve acontecer. Desde o fim do ano passado havia um consenso entre os analistas de que estas commodities deveriam começar a subir, abandonando a ameaça de seus piores níveis de preços nos últimos 15 anos. Mas o tímido desempenho da economia americana enterrou as previsões de alta.

'A recuperação pode até acontecer, mas é muito improvável', afirma Marcelo Mello, diretor da Celta, corretora que negocia metais na Bolsa de Metais de Londres (LME).

Segundo o superintendente da Votorantim Metais (VM), João Bosco, havia a expectativa de alta dos não-ferrosos no segundo semestre porque esperava-se um melhor desempenho da economia americana. Mas o PIB do EUA cresceu abaixo do esperado - aumentou apenas 1,1% no segundo trimestre - e setores como construção civil, um dos principais consumidores de metais, apresentaram queda.

Apesar do pessimismo, o executivo aponta uma melhora do cenário. Segundo Mello apesar da demanda ainda não apresentar sinais de recuperação, houve grandes cortes na produção de cobre e zinco para equilibrar a oferta.

Edouard Gervais, diretor executivo da Associação Internacional do Zinco (IZA), concorda que algumas companhias desligaram parte de sua produção. Isso, porém, não deve ter grande impacto nos preços do metal, já que segundo ele, ainda assim a produção de zinco deve aumentar 3% este ano, enquanto o consumo deve subir apenas 1,3%. 'A economia mundial se retraiu e os produtores aumentaram sua capacidade', diz Gervais.

O executivo também aponta um motivo estrutural para os baixos preços do zinco registrados atualmente: a diminuição dos custos dos fabricantes. De acordo com Gervais, os produtores investiram para produzir de forma mais barata, isso derrubou o preço de equilíbrio do metal, que para ele não deve mais voltar a casa dos US$ 1,1 mil onde estava há menos de dois anos.

No caso do alumínio a situação também não é muito diferente. Apesar de a Alcoa ter anunciado cortes de produção de suas fundições nos EUA, a companhia deve compensar a diminuição com sua unidade localizada na Islândia.

Para piorar ainda mais o cenário, a fraca demanda por metais registrada desde o início de 2001 provocou uma grande escalada dos volumes de não-ferrosos nos estoques controlados pela LME. No ano passado, o aumento médio nestes armazéns havia sido superior a 120%, fazendo com que o cobre e o alumínio superassem seu volume recorde nos armazéns da Bolsa. Este ano os estoques continuam aumentando cada vez mais.

O resultado de todo esse cenário não poderia ser outro: 'Os preços estão bem aquém do esperado', afirma Flávio Amaral, trader da SP Metals. Segundo ele, as cotações devem manter o patamar atual até o fim de 2002.

Apesar da alta volatilidade que os preços por tonelada para entrega em três meses sofreram no ano, as cotações de quinta-feira passada estavam muito próximas do início de 2002.

O cobre fechou o dia na LME a US$ 1.505, alta de 1,1% em relação sua última cotação de 2001. O alumínio sofreu queda de 3,1% este ano, sendo cotado a US$ 1.309 quinta-feira. A variação do zinco no período foi quase insignificante: alta de 0,1%. O metal fechou o último pregão a US$ 784. O níquel foi o único que conseguiu uma valorização real e contínua no ano, tendo subido 14,4%. A commodity foi negociada a US$ 6.770 quinta-feira.

'O preço da sucata de inox está muito alto na Europa', explica Bosco. A maior aplicação do níquel é na fabricação de aço inoxidável. A sucata deste material pode ser reciclada e concorre com o material primário, que está se beneficiando no momento com o aumento da cotação do substituto e com o crescimento na demanda de aço inoxidável registrado em toda a Europa.

Fonte: Carplace
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Publicação: 28/08/2002