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Vale define estratégia para área de logística

A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) já definiu sua estratégia no processo de reestruturação societária do setor ferroviário brasileiro. A mineradora quer promover um aumento de capital na Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), principal ligação por trem da região Sudeste com o Nordeste e Centro-Oeste, usando na operação os mais de R$ 700 milhões injetados na ferrovia como assistência financeira. Com isto, a CVRD consolida seus investimentos na maior malha do país e, ao mesmo tempo, sai da Ferrovia Bandeirantes (Ferroban), onde detém 5,5% do capital, e da CFN (Cia Ferroviária do Nordeste), onde participa com 32%.

A idéia de Roger Agnelli, presidente-executivo da CVRD, é consolidar os investimentos em ferrovias, portos e terminais portuários dentro da estratégia da companhia de fortalecer sua área de logística agregando valor aos acionistas. Ele nega, porém, a intenção de dominar as ferrovias de Norte a Sul do país, afirmando que não tem nenhum interesse em adquirir a ALL Logística, conforme rumores do mercado.

A capitalização e os investimentos na FCA estão condicionados à reorganização do setor ferroviário pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). 'O governo tem de colaborar e contribuir para desatar o nó do setor ferroviário', argumentou Agnelli. Ele referia-se à limitação existente nos contratos de concessão das ferrovias, segundo a qual nenhum dos sócios pode ter individualmente mais de 20% do capital por empresa, o que emperra novos investimentos no setor.

Na prática, porém, a Vale já controla a FCA. Por meio da Mineração Tacumã (controlada integral da mineradora), a CVRD detém 45,6% do capital total da FCA e 20% das ações ordinárias. A Valia, fundo de pensão dos funcionários da maior mineradora de minério de ferro do mundo, tem 20% das ordinárias e 9,9% do capital total da ferrovia.

A ANTT e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) estão estudando a reorganização societária das ferrovias, o que levará possivelmente à eliminação do limite na participação acionária das ferrovias. Com a medida, abre-se caminho para que um grupo assuma o controle e opere uma concessão ferroviária.

'O que nós queremos é que as ferrovias sejam bem estruturadas, tenham capacidade de investimento e atendam aos clientes, obedecendo as condições contratuais', diz Anália Martins, diretora da ANTT.

Segundo ela, as mudanças serão feitas à luz dos contratos existentes. 'O fim do limite não poderá implicar em cargas cativas', disse a diretora da ANTT, confirmando a avaliação de analistas de mercado de que a Vale poderia vir a ser monopolista no setor ferroviário. A decisão de pôr um fim aos limites de participação acionária nas ferrovias deverá passar por uma audiência pública mas, segundo Anália Martins, o esforço é dar agilidade ao processo, conforme anseio dos concessionários.

A idéia é criar condições para fortalecer as ferrovias - hoje a maior parte delas tem patrimônio negativo, como a FCA -, o que ocorrerá via aporte dos acionistas ou captação de recursos de longo prazo para investimento. No conjunto de medidas a ser anunciado para o setor, estão os casos de cisão da malha da Ferroban para a ALL Logística, em São Paulo, e da Ferroban para a FCA, num trecho entre São Paulo e Minas Gerais.

No caso da Vale, a expectativa é de que a ANTT aprove a cisão do trecho de 431 quilômetros da Ferroban que vai de Vale Fértil, em Uberaba (MG), até Boa Vista, perto de Campinas (SP). O trecho é estratégico para a Vale, pois lhe permite acessar, via FCA, o porto de Santos. 'A cisão permite que cada empresa se concentre no seu corredor ferroviário', diz o presidente da FCA, Elias Nigri.

A cisão implica no pagamento pela FCA em dinheiro e em ações da Ferroban.

Para 2003, Agnelli informou que a mineradora vai priorizar, na logística, novos equipamentos para as ferrovias dado os aumentos recordes de movimentação de cargas, que deverão crescer este ano 25% ante 2001.

Agnelli já encaminhou pedido de compra de 1.850 vagões ferroviários para a Iochpe-Maxion e vai importar dos EUA 64 locomotivas usadas. Além disto, sinalizou à Iochpe encomenda de outro lote de vagões em 2004, o que somaria 3,5 mil unidades em dois anos. O valor da transação do primeiro lote é de R$ 180 milhões.

O presidente do conselho de administração da Iochpe-Maxion, Ivoncy Iochpe, explicou que a fabricação dos vagões será feita pela Amsted Maxion, divisão ferroviária da Iochpe. O executivo destacou que a empresa tem condições de produzir todos os equipamentos ferroviários que a Vale necessita, desde que Agnelli forneça de imediato a programação do volume de vagões.

Para Iochpe, não há necessidade de fazer encomendas de outros países, como a China, conforme aventado por Agnelli ao Valor. 'Não tem a menor a justificativa', disse Iochpe.

Fonte: Carplace
Seção: Energia, Hidrogênio, Óleo & Gás
Publicação: 28/11/2002

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