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Siderurgia & Mineração

Arcelor assume o controle da CST em negócio de US$ 578 milhões

Ivo Ribeiro De São Paulo

A venda das ações da Cia. Vale do Rio Doce na Cia. Siderúrgica de Tubarão (CST) para o grupo europeu Arcelor é mais um passo no redesenho do mapa da siderurgia brasileira. A operação, que envolveu US$ 578 milhões para o caixa da mineradora, mostra dois importante movimentos: a consolidação da Arcelor como principal fabricante de aço no país e a estratégia da Vale em sair de ativos fora do seu principal negócio - mineração e metais.

A estratégia da mineradora passa por sua internacionalização. Segundo informações apuradas pelo Valor, a companhia está em processo de negociação de compra do controle da canadense Noranda, produtora de metais de base (cobre, níquel, zinco e alumínio), que faturou US$ 4,7 bilhões em 2003.

O anúncio do negócio com a Arcelor, aliado à possível compra da Noranda ou de parte de seus ativos, teve forte impacto nas ações da Vale. Os papéis PNA da companhia caíram 6,11% - a segunda maior queda da Bovespa, só perdendo para a Net. As ações ON da mineradora fecharam em baixa de 5,05%, cotadas a R$ 144,50 (quarta maior redução do Ibovespa). Do outro lado do mundo, os papéis da Arcelor fechava o dia com alta de 0,81%, a 13,71 euros, na bolsa de Paris. As ações preferenciais da CST também fecharam o dia em queda: 3,25%, negociadas a R$ 92,10.

O grupo Arcelor, que fará um aumento de capital de 1 bilhão de euros para suportar a operação e outras possíveis aquisições de ações de demais acionistas da CST, não quis se pronunciar além dos comunicados feitos em fato relevante e no seu site. A direção da Vale divulgou um comunicado, no qual relata que o desinvestimento da participação de 28,02% no capital total da CST (somando ações que detém hoje e direitos futuros de preferência) CST é coerente com sua 'estratégia de concentrar esforços no aproveitamento de oportunidades de crescimento rentável no mercado global de mineração e metais'.

Enquanto a Vale deixa a CST, na qual entrou na privatização, em 1992, a Arcelor firma sua posição no mercado brasileiro, onde chegou em 1998 e vem abrindo forte disputa pela liderança na produção com Usiminas/Cosipa, Gerdau e Cia. Siderúrgica Nacional (CSN). Com o negócio, passará a dominar 64,72% do capital votante e 61,77% do total da siderúrgica capixaba, dona de 15% do mercado mundial de placas.

A CST, desde 2002, tornou-se também uma competidora no mercado interno de aços laminados. Primeiro com bobinas a quente, para indústria de autopeças e tubos. Desde o ano passado, com material para indústria automotiva, de linha branca e para a construção civil (laminados a frio e aços galvanizados) por meio da coligada Vega do Sul, de Santa Catarina. A CST detém 25% do capital dessa empresa; a Arcelor controle (75%).

Segundo informações obtidas com fontes próximas da negociações, a aquisição da parte da Vale ganhou fôlego neste ano. Até fevereiro, os entendimentos, que eram de conhecimento da direção do BNDES - que, por princípio, era contrário à operação -, seguia um curso natural. Vários fatos aceleraram a operação: um deles foi o fechamento de um contrato de venda de 20 milhões de toneladas por ano de minério de ferro pela Vale à Arcelor, o maior da mineradora.

O outro fato ocorreu há pouco mais de um mês, quando a siderúrgica Acesita, controlada da Arcelor e fundos de pensão, denunciou o acordo de acionistas da CST, do qual faz parte e que vence em 25 de maio de 2005. Com isso, suas ações na CST ficaram livres para serem vendidas à Arcelor e à própria Vale. Com a operação de ontem, a mineradora transferiu seu direito para o grupo europeu.

O papel da Vale, segundo avaliação de uma fonte, já foi cumprido dentro da CST, com a viabilização do plano de expansão da siderúrgica, que vai construir mais um alto-forno e elevar sua produção de 5 milhões para 7,5 milhões de toneladas de aço em 2006. A mineradora garantiu contrato de venda de pelo menos mais 3 milhões de toneladas de minério à CST.

Outro especialista avaliou que o negócio permite à CST tornar-se mais focada e melhor inserida no mercado mundial de aço sob o controle absoluto da Arcelor, que tem uma estratégia mundial de competição em todos os segmentos de aços planos. A visão da Vale era de vendedora de minério de ferro e a da Kawasaki Steel ganhar mais contratos de engenharia.

Desde 1998, ainda como Usinor, a Arcelor investiu mais de US$ 1 bilhão no país nas aquisições de Acesita, de CST e na Vega do Sul. No momento, tem aprovados investimentos da ordem de US$ 900 milhões na expansão da CST. 'O Brasil é um porto seguro para o grupo, que depois da China mostra ser o mercado com maior potencial de crescimento no mundo', afirmou. O desejo da Arcelor é fazer do país um centro de lucro e não de custos, o maior temos de políticos e do BNDES.

O próximo passo da Arcelor em sua estratégia de consolidação dos ativos no país (com controle das empresas) será a aquisição das ações da Previ e outros fundos de pensão no capital da Acesita. Isso deve ocorrer ao longo de 2005.

Fonte: Carplace
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 29/06/2004

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