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FecharJuliana Estigarríbia
Apesar da perspectiva de aumento das vendas de aço no mercado doméstico em 2015, o volume adicional não será suficiente para recuperar a perda deste ano. As siderúrgicas devem amargar uma queda de 8,9% em 2014.
Segundo projeção do Instituto Aço Brasil (IABr), as vendas brasileiras de produtos siderúrgicos devem atingir 20,8 milhões de toneladas neste ano, um patamar próximo a 2010, apenas.
"O consumo aparente não está crescendo para acompanhar o aumento da capacidade instalada global. O mercado de aço vai continuar difícil no ano que vem", afirmou nesta quarta-feira (26) o presidente executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes.
Segundo a entidade, para 2015 a expectativa é que as vendas de aço cresçam 4%. "Isso não será suficiente para recuperar a perda neste ano", acrescenta Lopes.
O executivo complementa que um dos grandes problemas que pressionam o mercado brasileiro é o excesso de capacidade global de aço. Segundo o IABr, hoje este volume é de aproximadamente 570 milhões de toneladas.
"Além disso, existem cerca de 170 milhões de toneladas em construção, o que só agrava a situação", pondera Lopes.
De acordo com o presidente do conselho diretor do IABr, Benjamin M. Baptista Filho, as siderúrgicas brasileiras estão operando abaixo da capacidade instalada. "Parte deste problema tem nome: China", diz.
Segundo ele, neste ano o Brasil irá importar 4,1 milhões de toneladas de produtos acabados de aço (grande parte da China), um aumento de 9,7% em relação a 2013.
Além disso, um volume substancial do metal irá entrar na forma de aço contido, como máquinas e autopeças, por exemplo. "Estamos importando no País o equivalente a toda a capacidade de produção da Usiminas", pondera Baptista.
Neste cenário, a média de utilização da capacidade instalada das siderúrgicas, no Brasil, é de 69%. "Estamos operando muito abaixo do desejado, que é de no mínimo 80%", explica Lopes.
O consumo aparente de aço, em 2014, deve ficar em 24,7 milhões de toneladas, um recuo de 6,4% em relação a 2013. Para 2015, a expectativa é de uma melhora tímida do quadro. O IABr projeta alta de 2% do consumo aparente.
Já a produção de aço bruto deverá registrar uma ligeira alta na mesma base de comparação, de 0,1%, totalizando para 34,2 milhões de toneladas. "É praticamente o mesmo desempenho que tivemos no ano passado", reforça Lopes.
Cenário brasileiro
De acordo com o presidente executivo do IABr, o panorama do Brasil é adverso. "A economia brasileira está estagnada, ninguém está investindo. Estamos vivendo uma recessão técnica", pontua Lopes.
Para ele, medidas urgentes devem ser tomadas para devolver a competitividade às empresas instaladas no País. "O câmbio é prioridade e os juros são altíssimos. Precisamos acabar com a cumulatividade dos impostos e ter ao menos uma infraestrutura razoável", lista o porta-voz do IABr.
Conforme os executivos do IABr, a entidade trabalha para competir com a China de maneira justa. "Muitos países adotam o antidumping para produtos de aço. Não competimos com as empresas chinesas, mas sim com o governo de lá", acrescenta Baptista.
Sobre a crise que afeta a maior empresa do País, a Petrobras, o IABr é taxativo. "Este problema afeta o Brasil como um todo, mas especificamente o setor de aço é pouco impactado, pois a estatal usa muito aço importado, apesar de trabalhar com a política do conteúdo nacional", afirma Baptista. "Estamos na briga pelo conteúdo local", acrescenta.
Fonte: DCI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 28/11/2014