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Mecânica, Metalurgia & Materiais

Procura-se metalúrgico especializado

Marli Olmos De São Paulo

A falta de trabalhadores especializados em funções como torneiro mecânico - antiga profissão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - ou ferramenteiro está impedindo a indústria de máquinas a crescer no ritmo da demanda.

'Estamos querendo contratar e não conseguimos', afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello. O dirigente estima um déficit de pelo menos 100 mil trabalhadores em toda a indústria que emprega metalúrgicos especializados em torno, fresa, ferramentaria e moldes.

Somente as fábricas de máquinas empregam hoje 200 mil trabalhadores. Trata-se de um dos mais altos índices de emprego dos últimos anos. Mas o déficit calculado pelo presidente da Abimaq inclui outros setores.

Com a crise, os metalúrgicos especializados desapareceram do mercado. Somente neste ano, a indústria de máquinas abriu 20 mil novas vagas. 'Mas poderíamos contratar mais se houvesse disponibilidade dessa mão-de-obra', afirma Mello. Segundo ele, as empresas estão fazendo treinamento de empregados não especializados para contornar o problema.

Os salários do chamado fresador (profissional que opera uma engrenagem usada para cortar peças de metal) e torneiro mecânico oscilam entre R$ 3 mil a R$ 4 mil. Um bom ferramenteiro especializado em moldes de plástico pode receber R$ 5 mil por mês. 'Não é com um salário mínimo que se contrata um trabalhador para produzir máquinas', destaca o presidente da Abimaq.

Mello lembra que até a década de 80, havia abundância de mão-de-obra especializada, com formação no Serviço Nacional de Aprendizagem Indústrial (Senai). 'Mas de 94 a 98 houve abandono dessas profissões; os jovens deixaram de se interessar por essas profissões', destaca. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José López Feijóo, responsabiliza as próprias empresas, que 'deixaram de qualificar os trabalhadores internamente'. Segundo o sindicalista, de um lado, com a crise, as empresas dispensavam os aprendizes do Senai quando eles se formavam.

Além disso, destaca Feijóo, as empresas aumentaram o nível de exigências, como segundo grau completo ou inglês, qualificações nem sempre atendidas por um ferramenteiro. 'No caso, o trabalhador não passa nem pela primeira etapa do processo de seleção', destaca o metalúrgico.

O sindicalista diz, ainda, que muitas empresas que estão agora precisando desse tipo de mão-de-obra não investiram o suficiente em equipamento moderno, que a nova geração de metalúrgicos já sabe operar.

Os segmentos que mais estão crescendo na indústria de máquinas é o de equipamentos para moldes de plástico das chamadas máquinas-ferramentas (usadas para moldar peças de metal).

A Romi, tradicional fabricante desses dois segmentos, encontrou dificuldades para encontrar profissionais especializados para as cem vagas que abriu neste ano, segundo o gerente de controladoria, Clóvis Luis Padoveze.

Instalada no interior de São Paulo, a Romi está investindo neste ano R$ 15 milhões para ampliar em 50% a capacidade da unidade de fundição, que representa 18% dos negócios da empresa.

Todo o setor de máquinas está mais do que dobrando os investimentos. Nos dois últimos anos, o setor aplicou , em média, R$ 3,2 bilhões. 'Esses recursos serviam apenas para evitar que os equipamentos ficassem obsoletos', afirma Mello. A partir de agora, a média de investimentos vai passar para R$ 7,8 bilhões por ano, segundo cálculos da entidade.

Além da escassez de mão-de-obra, Mello, aponta ainda a falta de aço. Segundo ele, a falta do produto também está impedindo o setor de crescer no ritmo do aumento da demanda. A Abimaq vai sugerir ao governo federal a adoção de cotas para limitar as exportações de aço.

Fonte: Carplace
Seção: Mecânica, Metalurgia & Materiais
Publicação: 17/08/2004

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